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voltarIndústrias têm o pior trimestre em 10 anos
Crise provoca forte redução na produção e no emprego. Entre 28 segmentos, somente três registraram alta na atividade no fim de 2008
Luciano Pires
O último trimestre de 2008 foi o pior em 10 anos para as indústrias brasileiras.  Números da sondagem divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria  (CNI) mostram que o emprego e a produção despencaram de forma surpreendente  devido à força e à velocidade com que a crise econômica internacional chegou ao  país. Dos 28 setores pesquisados, só três registraram atividade crescente.  Restrições de crédito, estoques elevados e queda na demanda foram apontados  pelas empresas como alguns dos obstáculos mais sérios enfrentados em outubro,  novembro e dezembro do ano passado. 
Em uma escala de zero a 100, o  indicador que mede a produção atingiu 40,8 pontos — resultado muito abaixo dos  57,8 pontos do terceiro trimestre e mais distante ainda dos 59 pontos apurados  no quarto trimestre de 2007. No caso do emprego, o índice caiu de 54,4 pontos no  terceiro trimestre para 44 pontos no último período do ano passado. Taxas  menores do que 50 pontos refletem retração ou pessimismo. 
A baixa  utilização da capacidade instalada demonstra ainda o quanto o setor industrial  amargou perdas ao longo do quarto trimestre de 2008. As empresas, que vinham  lançando mão de 80% a 90% de sua estrutura para produzir cada vez mais, tiraram  o pé do acelerador de maneira instantânea e reduziram o fôlego para 74% —  percentual mais baixo de um quatro trimestre desde 1999. Como consequência,  encomendas em geral e a necessidade por matérias-primas caíram. A sondagem CNI  colheu informações junto a 1.407 empresas entre os dias 5 e 26 de janeiro.  
Desestímulo 
O maior baque atingiu as grandes  companhias. Segundo Renato da Fonseca, gerente de pesquisa da CNI, como as  turbulências externas brotaram de fora para dentro do Brasil a contaminação  acabou seguindo um caminho natural, quase previsível. “O desempenho das grandes  empresas foi pior do que o das pequenas é médias. A crise chegou primeiro pelas  grandes. As pequenas vão sofre mais agora neste primeiro trimestre de 2009”,  disse o especialista. Flávio Castelo Branco, gerente-executivo da Unidade de  Política Econômica da CNI, explicou que o mundo desenvolvido precisa sair logo  da recessão para puxar uma possível retomada global. 
Para os próximos  seis meses as perspectivas dos industriais não são nada boas. Devido ao clima de  incerteza generalizado e à falta de previsibilidade para voltar a investir ou  contratar mão-de-obra, as empresas aguardam pela piora do cenário interno. O  índice de expectativa de evolução da demanda para janeiro de 2009, por exemplo,  está em 39,7 pontos — um dos mais baixos de todos os tempos. Os setores de  veículos automotores, máquinas e equipamentos, metalurgia básica e máquinas e  materiais elétricos são os mais pessimistas. Em relação aos planos para a compra  de matérias-primas, a sondagem detectou pouco interesse do empresariado, o que  pode retroalimentar novas ondas de demissões e quedas na produção.