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voltarPacote para casa própria beneficia a classe média
O pacote da habitação, que estava em discussão ontem à noite no Palácio do Planalto, contém dois agrados à classe média.
Lu Aiko Otta, TÂNIA MONTEIRO, LEONARDO GOY E FABIO GRANER
O pacote da habitação, que estava em discussão ontem à noite no Palácio do Planalto, contém dois agrados à classe média. O primeiro é que os mutuários poderão usar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para adquirir imóveis de até R$ 500 mil - hoje, o limite é R$ 350 mil. O segundo é que a parcela financiada vai aumentar de 80% para 90% do valor do imóvel. Ou seja, o valor da entrada vai ficar menor.
A proposta vale para os imóveis financiados com recursos da  caderneta de poupança, enquadrados no Sistema Brasileiro de Poupança e  Empréstimo (SBPE), aplicado aos imóveis mais caros. Não há limite para  financiamentos no SBPE. 
Para a chamada nova classe média, a notícia é  ainda melhor: o empréstimo vai cobrir 100% do valor da casa própria - ou seja,  ela vai poder passar do aluguel para a prestação. Essa regra vale para os  imóveis financiados com recursos do FGTS. 
Enquadram-se nessa categoria  as moradias avaliadas em até R$ 130 mil (se estiverem nas regiões metropolitanas  de São Paulo, Rio ou Distrito Federal), R$ 100 mil (nos municípios de até 500  mil habitantes) ou R$ 80 mil (nas demais regiões). Podem comprar imóveis com o  FGTS as famílias com renda de até R$ 3,9 mil mensais (ou R$ 4,9 mil se morarem  em São Paulo, Rio ou Distrito Federal). Hoje, há linhas do FGTS que financiam  100% do imóvel. No entanto, o prazo de pagamento é de 20 anos. Nos contratos de  30 anos, a parcela financiada é 80%. É essa parcela que os técnicos querem  elevar para 100%. 
As propostas foram levadas ontem à noite ao presidente  Luiz Inácio Lula da Silva. Elas poderão ser alteradas, mas os técnicos avaliam  que é uma possibilidade remota, pois não havia polêmica sobre os limites.  
Já em outros pontos do pacote havia dúvidas. Por exemplo: quantos meses  o mutuário poderá ficar sem pagar a prestação e sem perder o financiamento,  graças ao Fundo Garantidor - outra novidade do pacote. Este fundo, que será  criado para reduzir o temor de bancos em emprestar às famílias de menor renda,  cobrirá prestações não pagas por desemprego. 
Essas parcelas serão  transferidas para o fim do contrato. A proposta mais generosa é que o fundo  garanta até 36 parcelas não quitadas para mutuários com renda de até dois  salários mínimos. O prazo cairia para 12 meses para famílias com renda de quatro  e seis mínimos e para seis meses para quem tiver renda entre seis e dez mínimos.  Mas há quem ache esses prazos muito longos. 
O estímulo à construção  civil é um dos trunfos do governo para evitar mais desemprego e manter o setor  no ritmo aquecido do ano passado. Hoje, a Caixa Econômica Federal anuncia que,  em 2008, houve aumento de 86,3% em financiamentos habitacionais. A linha do FGTS  emprestou R$ 11,2 bilhões e o SBPE, R$ 10,7 bilhões. 
Ontem, Lula  comentou que havia mandado refazer o pacote porque não tinha gostado de alguns  pontos, como o valor das prestações. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma  Rousseff, disse que, para barateá-las, o governo vai dar subsídios a famílias  com renda entre dois e dez salários mínimos. 
Ainda segundo a ministra, o  pacote também terá como objetivo reduzir o tempo e construção das moradias, de  33 meses para 11 meses. Lula contou que o pacote começou com um plano de  construção de 200 mil casas, depois passou para 500 mil. "Mas eu quero 1 milhão  de casas até 2010", disse Lula. "Isso vai dinamizar a  economia."
NÚMEROS
90 % é o total a ser  financiado do valor do imóvel. Antes essa parcela representava 80% do imóvel. Ou  seja, o valor da entrada vai ficar menor
100 % do valor do imóvel será  financiado para a chamada nova classe média. 
R$ 3,9 mil por mês é o  valor da renda mensal familiar que permite a compra de imóveis com recursos do  FGTS